Superando a síndrome da fibromialgia, segue com amor pelo esporte

Claudia Trindade Dutra Roque

Fibromialgia. A fibromialgia é uma doença comum, mal compreendida. Doença crônica que causa dor generalizada pelo corpo.

Sintomas 

  • Dor generalizada, principalmente nos músculos do pescoço, dorso e membros
  • Fadiga
  • Rigidez muscular
  • Insônia
  • Alterações na memória e na concentração
  • Depressão
  • Ansiedade
  • Formigamentos
  • Dores de cabeça
  • Tontura

Claudia Trindade Dutra Roque, Mora na Cidade de Indaiatuba SP, é Natural de Maetinga BA. Cursando Bacharelado em Educação Física, 5° Semestre, Instituição de Ensino Superior: Centro Universitário Max Planck

CSF: O que a levou a estudar Educação Física?

CT: A prática esportiva desempenha um papel fundamental em minha trajetória pessoal. As experiências vivenciadas, aliadas à constatação da dificuldade em encontrar profissionais de Educação Física com conhecimento especifico  no tratamento da minha condição, reforçam a importância da atividade física como parte integrante do processo terapêutico. Além disso, quero contribuir para o bem-estar de indivíduos que enfrentam desafios semelhantes aos meus.

CSF: Como nasceu a paixão pelo esporte e pela prática de atividade física?

CT: Desde a infância o esporte tem sido uma parte da minha trajetória. Aos sete anos, iniciei no futebol em  uma escolinha de bairro, atividade que se estendeu até os vinte anos. É importante  salientar que, naquela época, o acesso feminino ao futebol era substancialmente restrito, permeado por preconceitos e dificuldades de ingresso em equipes grandes , que frequentemente exigiam submissão a condições degradantes  e constrangedoras. Por não aceitar as condições que eram impostas a nós, mulheres, optei por seguir como jogadora amadora onde eu podia treinar com os homens  para me aperfeiçoar. Fui considerada a versão do Romário feminino porque costumava imitar as jogadas dele. Após um período de afastamento do esporte, fui convidada pelo meu irmão, na época com vinte e seis anos, a participar de uma corrida tradicional na cidade. Apesar da inexperiência em corridas, obtive o sexto lugar na minha categoria, o que me motivou  a treinar para provas futuras, superando as dificuldades da primeira experiência. Participei de diversas provas na região, contudo, devido à falta de orientação, treinei sozinha por três anos, baseando-me em dicas do meu irmão. Ao ingressar em uma equipe local, sofri uma lesão em uma prova de Cross Country, resultando em derrame articular no quadril . Acredito que, nessa época, já manifestavam sintomas de fibromialgia, embora não diagnosticada. A consequência foi a perda da mobilidade das pernas por sete meses, um período marcado por diagnósticos, como depressão, e pela possibilidade de não mais voltar a andar. Após extensos tratamentos de fisioterapia, acompanhamento psicológico, com muita fé voltei a dar novamente os primeiros passos. A tentativa de retomar a corrida individualmente foi frustrada por dores intensas e parestesias nas pernas e braços, o que me levou a buscar auxílio médico. Após consultar diversos especialistas e submeter-me a exames por dois anos, obtive o diagnóstico de Síndrome de Fibromialgia, por um reumatologista renomado do pais.

CSF: Qual foi a reação quando soube que a doença é incurável?

CT: Quando me  explicaram  que a doença é incurável entrei em desespero. Gerou um impacto emocional muito  significativo. O tratamento envolveu a busca por medicamentos que não provocassem reações alérgicas e o exercício físico foi recomendado como parte essencial não medicamentosa. Inicialmente, resistente, devido à dor intensa  de maneira que mal conseguia  ficar de pé , fui convencida pelo meu esposo e pelos médicos a retomar a atividade física, porque os meus membros inferiores estavam atrofiando. Iniciando com caminhada em seguida com trotes levas, foi quando comecei a perceber que quando estava fazendo os  exercícios adequados, a percepção da dor diminuía. Hoje em dia, já está comprovado que exercícios aeróbicos, alongamento e musculação, são os três mais recomendados para tratamento da fibromialgia. Quando estou treinando é o único momento que me sinto livre das dores. É muito difícil viver a base de remédios fortes, que nem sempre ajudam a aliviar o meu sofrimento e muitas vezes acabam causando outras complicações.

CSF: As dores são fortes?

CT: A síndrome da Fibromialgia (FM), é uma síndrome clínica que se manifesta com dor crónica generalizada e sensibilidade por todo o corpo. As vezes a dor é tão intensa que dificulta a realização de tarefas simples do cotidiano. Além da dor, o (FM) outros sintomas se manifestam como fadiga física e mental , sono não reparador, alterações de memoria, rigidez muscular, parestesia, sensibilidade ao toque, ansiedade ,depressão, agravamento da dor com o estresse, dificuldades cognitivas como perda de memória e dificuldade de concentração, entre outros sintomas correlacionados. Por causa desta condição, tenho  que lidar frequentemente com  as limitação em minhas atividades diárias e preciso fazer ajustes na rotina, para suportar a dor é a fadiga .Conviver com  FIBROMIALGIA é frustrante e desafiador, “porque ela me tirou a dignidade”. Mesmo com essa condição de saúde, eu me propus a voltar para as competições realizando provas de 5km nas ruas , e também voltei as competições de pista, passei a treinar e competir nas provas de marcha atlética Master, como Campeonato Paulista e Taça Brasil Master de Atletismo e este ano, também estou me preparando para participar do Campeonato Brasileiro de Atletismo Master, além de competir marcha, estou no lançamento de dardo provas que jamais imaginei participar um dia.

CSF: O que significa o esporte em tua vida?

CT: O esporte me apresentou desafios e obstáculos. As minhas dificuldades me moldaram e a minha vontade de viver me define. Fazer o impossível ser possível.

CSF: Sobre o atletismo como a senhora descreve a importância dessa modalidade?

CT: Como todos nós sabemos, o atletismo é a base para todos os esportes e eu também vejo nesse esporte, um instrumento para a disciplina porque ele exige que você tenha o compromisso com os treinos, cuidados com a alimentação e o sono, evitar exageros com bebidas, pois só assim, você consegue evolução. Nos dias atuais com muita gente vivendo nas redes sociais principalmente as crianças, o atletismo se torna uma grande ferramenta para ajudar nossa juventude, para que possam sair do sedentarismo e melhorar suas habilidades e agilidades motoras, que estão cada vez mais negligenciada e assim, tornam-se adultos sem coordenação motora, com sobrepeso que é um dos fatores de doenças correlacionados com a obesidade e o sedentarismo.

CSF: Qual é a mensagem que a senhora deixa para os que estão pensando em iniciar na corrida?

CT: A corrida é  uma  prática  transformadora, que exige dedicação, disciplina e muita resiliência. Para aqueles que desejam iniciar na corrida, algumas informações importantes são cruciais: Primeiro, procure um profissional de Educação Física pra te orientar, o progresso na corrida não se constrói da noite para o dia. É fundamental estabelecer uma rotina de treinos e segui-la com regularidade, adaptando-a às suas necessidades e capacidades físicas fisiológicas. O corpo precisa de tempo para se adaptar aos novos estímulos. Ignorar os sinais de cansaço ou dor pode levar a lesões e frustrações, que na maioria das vezes acaba sendo tão desanimador, que a pessoa possa não querer correr mais. Comece com treinos leves e aumente a intensidade e a distância gradativamente. A corrida deve ser uma fonte de prazer e bem-estar, explore diferentes percursos para tornar os treinos mais agradáveis. Haverá dias em que a motivação estará em baixa. Nesses momentos, lembre-se dos seus objetivos, e não se esqueça  dos benefícios da corrida em sua vida ao longo do tempo. Busque inspiração em grupos de corrida, ou pessoas que possam te motivar. A corrida exige um corpo forte e saudável. Invista em uma alimentação equilibrada, hidratação adequada, descanso reparador e fortalecimento. Não existe um tipo de corpo ideal para a corrida. Todos podem desfrutar dos benefícios dessa prática, independentemente da idade, peso ou nível de condicionamento físico.

Esporte é vida!

7 comentários

  1. A Cláudia é uma Atleta vencedora desde sempre. Por que mesmo com esta Síndrome da Fibromialgia ela vem superando os seus limites através da prática esportiva como a corrida. Que exemplo de garra, de força e de coragem. Parabéns Cláudia e que venham muitas corridas e vitórias!!!!

  2. Parabéns,a essa guerreira que sofre com a fibromialgia,e da o seu melhor a cada dia,para não deixar se vencer pelas dores e obstáculos.
    Orgulhosa de você e de todos que enfrentar com a fibromialgia e se mantém firme e não se deixam abater.
    Parabéns lindo trabalho e continue motivando aos que precisam de um incentivo

  3. Parabéns,a essa guerreira que sofre com a fibromialgia,e da o seu melhor a cada dia,para não deixar se vencer pelas dores e obstáculos.
    Orgulhosa de você e de todos que enfrentar com a fibromialgia e se mantém firme e não se deixam abater.
    Parabéns lindo trabalho e continue motivando aos que precisam de um incentivo

  4. Com toda certeza Cláudia, você é um grande exemplo de superação. Mulher, mãe, esposa, dona de casa e atleta dedicada sofre com essa doença (a fibromialgia) a alguns anos, não desiste daquilo que lhe faz feliz, o amor pelo esporte é o que te dá forças para seguir e mesmo com as dores e o sofrimento, você continua, sempre continua. Parabéns pelo seu esforço, sua história é pura superação. O esporte é isso, praticado com amor supera qualquer barreira.

  5. Minha inspiração de vida não só por ser a minha mãe e sim por ser esse exemplo de mulher guerreira e batalhadora que a sua história seja inspiração como é pra mim!!!

  6. Irmã você já é uma vencedora.Parabéns pelo seu esforço dedicação pelo esporte,mesmo com todas as dificuldades você sempre mostra que nada te impede de fazer o que gosta.Isso realmente é uma prova de quem ama o que faz. PARABÉNS!!!

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